Crítica: Obra “Real”, do grupo Espanca!, procura a reflexão pelo espanto
“a beleza é o início do terror que podemos suportar” Godard
A narrativa episódica que une temas diversos na busca de dar a eles um sentido comum foi alternativa recorrente do cinema cômico italiano nos anos 1960 e também assimilou esta brecha junto a figuras da nouvelle vague francesa. Mais recentemente, essa conduta pôde ser observada, por exemplo, no argentino “Relatos Selvagens” e há bem pouco tempo em “Código Desconhecido”, do austríaco Michael Haneke. Neste último, principalmente, o tom é muito diverso ao que os italianos propagaram mundo afora, pois trata-se de película dramática, crítica, com enfoque social voltado para as mazelas da atualidade. Pode-se dizer que “Real”, do grupo Espanca!, parte desse princípio. Constitui-se da coesão de quatro miniespetáculos, assim chamados esquetes pela curta duração e o foco em uma situação específica, cada uma delas assinada por diferentes dramaturgos que foram provocados pelos atores da companhia a criarem cenas a partir de acontecimentos recentes e reais, unidos pela violência: um linchamento, um atropelamento, uma greve e uma chacina.
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