Millôr Fernandes não morreu (um texto com a estética)
Millôr é um traço, mal feito. Por que o homem da certidão escreveu com letra rebuscada Milton e a família inteira confundiu-o. É uma incógnita? Uma pergunta? Interrogação?
Fernandes, como acompanhamento, como arroz com feijão.
Boas atuações e direção musical sublimam essência do espetáculo
Simples como um cisne nada n’água. Direto como uma flecha voa do arco. Com ótima atuação dos atores e boa história de fundo interligando os números principais, ‘Rádio Nacional’ prende a atenção do espectador quase integralmente.
Com direção dividia entre artística, musical e de vídeo por Fábio Pilar, Helvius Vilela e Vicente Maués respectivamente, e supervisão geral de Bibi Ferreira, o espetáculo aposta as fichas do Cassino da Urca nas excelentes músicas da época e no humor temporal (e ganha).
É um bem que Zizi Possi faz à música, o simples fato de cantar. Não obstante, versátil como uma parreira que dá cacho de uva preta ao dia e uva verde à noite, aproveita para alongar dialetos com rara ginástica e completo envolvimento. Italiano, inglês, português, no mínimo.
Maria Izildinha, nada pequena no papel que ocupa dentro do teatro brasileiro de música e poesia, começou a carreira novinha, e ocupou-se do estudo de piano dos cinco aos 17 anos. Depois, uma importantíssima tarefa, voltou-se para Salvador, na Bahia, onde ensinou o que já sabia para filhos de prostitutas e crianças abandonadas na rua no bairro do Pelourinho.
Pare em qualquer lanchonete ou restaurante de beira de estrada que se deparará com esses dois. Não apenas um, porque assim não existiriam, mas o casal. Os sabiás do sertão resistem aos tempos tecnológicos graças ao bom grado de caminhoneiros, sertanejos, carpinteiros, advogados, biólogos, gente de bem que não se cansa de ouvir: Cascatinha e Inhana.
Mas donde vieram dois passarinhos de espécie tão rara e onde foram dar? Francisco molhava-se na cachoeira pequena, em Garça, no interior de São Paulo, conhecida justamente como ‘cascatinha’. Portanto, nada a ver com mentiras contada aos colegas durante a infância, embora seja razoável pensar que estas acontecessem para tirar vantagem junto aos demais.
O menino enrolado nos lençóis brancos. De uma Rússia onde gelo e filosofia se misturam, acompanham tua solidão. Fantasmas debaixo da cama vêm lhe assombrar todas as noites, com os mesmos presságios: uivos de lobos carregam nas patas coragem e maldade.
Os óculos embaçam o idioma. Dívidas com o português, inglês e italiano, dúvidas com o sexo. Beijou um sapo e ele se transformou em princesa, quando era o príncipe que dentro do sono erótico cultivava-lhe os sentidos prósperos, de tesão e carinho.